ROSTO, ÉTICA E ALTERIDADE. POR UM PENSAMENTO OUTRAMENTE TRÁGICO EM EMMANUEL LEVINAS
DOI:
https://doi.org/10.20911/21769389v50n158p489/2023Resumo
A investigação que se segue tem como escopo evidenciar os motivos que permitem (re)posicionar a filosofia da alteridade de Emmanuel Levinas para além de sua então reconhecida vinculação à fenomenologia. Trata-se de situá-la, paradoxalmente, no rol de um pensamento de corte trágico graças à oposição ao romantismo do Idealismo da filosofia moderna. Entretanto, como o foco da reflexão do autor se volta explicitamente para a ética sui generis que brota da visceral relação/interpelação advinda do contato/Dizer de um Rosto humano que não pode ser reduzido ao Logos, urge enfatizar, por um lado, certa aproximação de seu pensamento tanto da genealogia da moral em Nietzsche como da ética originária ontológica em Heidegger. Por outro lado, pretende-se apontar para certo distanciamento desse outro niilismo que se consolida em torno da ética da alteridade em relação ao pensamento dos referidos filósofos trágicos. Afinal, a ética do Rosto visa pensar outramente a transmutação de valores que já não tem como objeto a vontade de potência e/ou o cuidado da Existência pelo ser humano. Graças à radical (alter)ação da condição humana provocada pelo dizer da proximidade do Outro-próximo, desponta nesse cenário uma subjetividade que se caracteriza por uma autêntica maternagem e por uma substituição de outrem. Tendo-se, pois, em mente essas constatações, procurar-se-á descrever os traços indeléveis de certo niilismo disruptivo presente na gênese da filosofia trágica do Rosto do outro.
Palavras-chave: Alteridade. Niilismo. Ética. Filosofia. Linguagem.