MICHEL FOUCAULT: O PENSADOR UNIVERSAL DAS SINGULARIDADES

Autores

  • Carlos Roberto Drawin Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia

Resumo

Em suas impressões de Michel Foucault o filósofo brasileiro Roberto Machado evocou uma entrevista na qual um dos interlocutores, especialista em Rousseau, citou um livro de 1786 no qual se menciona pela primeira vez a criação da mamadeira. Foucault encerra a conversa com seu humor cortante: “renuncio a todas as minhas funções públicas e privadas! A vergonha se abate sobre mim! Cubro-me de cinzas! Não sabia a data da criação da mamadeira”. Machado observa, contudo, que Foucault era justamente o tipo de pesquisador interessado em “saber a data da criação da mamadeira” (Machado, 2017, p. 72). Trabalhador infatigável, imerso nos textos da “Bibliothèque Nationale”, ele era atento aos detalhes, esmiuçava arquivos, relatórios e jornais e, sem descuidar dos autores clássicos, explorava as franjas e exterioridades do cânone filosófico e certa vez a ele confidenciou: “Quase não leio. Ler pelo prazer de ler, quase não faço mais isso. Na Nationale eu não leio; eu procuro” (Machado, 2017, p. 65). Buscador solitário e pouco propício às intervenções do público que o acompanhava em seus cursos e seminários no “Collège de France”, era, contudo, um pensador público, não se furtando em intervir nos temas mais polêmicos da época e pressuroso em divulgar ao máximo suas ideias e interpretações para colocá-las em discussão e questionamento. Essa abertura, inimiga dos sistemas e periodizações consagradas, o permitia transitar pelas muitas variações de um amplo espectro filosófico, político e ideológico, sem resvalar para o ecletismo e sem abdicar de solidarizar-se com os excluídos e estigmatizados (...)

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Publicado

2024-05-01

Como Citar

Drawin, C. R. (2024). MICHEL FOUCAULT: O PENSADOR UNIVERSAL DAS SINGULARIDADES. Síntese: Revista De Filosofia, 51(159), 5. Recuperado de https://faje.edu.br/periodicos/index.php/Sintese/article/view/5627